foto: Redecker conversou com a presidente do Codevat, Cíntia Agostini, e com o prefeito de Teutônia, Jonatan Bronstrup, que também são contra a atual proposta

Durante audiência pública da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), em Lajeado, nesta quinta-feira (16), lideranças do Vale do Taquari pediram mais tempo para avaliar a nova proposta de concessão de pedágios para a BR 386. A audiência ocorreu no teatro da Univates, com grande número de lideranças regionais. O líder da Bancada do PSDB, deputado Lucas Redecker, também esteve presente.

Para Redecker, existem três pontos na proposta que não são admissíveis: o custo do pedágio, uma vez que em alguns pontos o valor a ser cobrado é de R$ 11; o número de praças de pedágio em um curto trajeto. Neste aspecto Redecker cita o trecho entre Lajeado e Porto Alegre, cuja previsão é instalação de duas praças e o trecho entre Soledade e Porto Alegre, que deverá receber quatro pontos de cobranças. Além disso, o deputado considera inadmissível que as obras de duplicação sejam feitas após dez anos do início dos contratos. “Queremos a diminuição do preço da tarifa, fazer com que tenhamos mais praças com valores menores e que se comece imediatamente a duplicação. Queremos um pedágio justo, onde as pessoas não sejam assaltadas pelas concessionárias”, enfatizou Redecker.

Veja o vídeo do deputado Lucas Redecker onde ele se manifesta sobre a proposta. Clique aqui.

Vaias e pouco convencimento

O assessor de gabinete da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Marcelo Cardoso Fonseca, fez a apresentação de uma nova proposta, que considerou “mais amigável e transparente”. Pela proposta, serão R$ 13 bilhões em investimentos no Estado. Ele explicou que, de todas as concessões espalhadas pelo país, a que a ANTT tem chamado de Rodovia de Integração do Sul seria a com mais investimentos previstos. Apesar disso, em diversos momentos Fonseca e os técnicos da ANTT foram vaiados.

Mais de cem pessoas se inscreveram para se manifestar durante a audiência, mas muitas acabaram indo embora antes que chegasse sua vez. A audiência, que duraria 4h, se estendeu por quase 8h. Foram 57 manifestações – 19 delas totalmente contrárias ao pedagiamento, outras 30 exigindo mais tempo para discussão, anulação do edital atual para que se discuta a questão do zero, criação de um grupo de trabalho que possa debater, junto com a ANTT, o melhor para o Rio Grande do Sul, outras audiências públicas nos municípios diretamente afetados pelas sete praças de pedágio previstas no estudo técnico.

Da reunião, ficou a promessa de que muitas das sugestões apresentadas serão analisadas quanto à viabilidade de implantação. Mas também ficou a dúvida, por parte da ANTT, se a região está disposta a aderir ao programa de pedagiamento, mesmo que muitas mudanças sejam feitas.

Jorge Bastos, diretor-geral da ANTT, deixou claro que acredita no debate como parte fundamental para aprimoramento das propostas e construção de uma concessão que atenda às demandas regionais. Ele ressaltou que, se não for de interesse dos gaúchos, a BR-386 não entra no pacote a ser concedido. “Só vamos fazer concessão se for de interesse. Ninguém tá aqui para obrigar a ter concessão. Se for de interesse da sociedade, do Estado, da comunidade, a concessão vai ser feita. Se não for, não vamos fazer. Por isso esse debate transparente é tão importante.”

O problema de não haver concessão, segundo Fonseca, é a carência de investimentos. Segundo o assessor da ANTT, o Dnit tem um orçamento entre R$ 3 bilhões e R$ 4 bilhões por ano para investimentos, e seus contratos para melhorias necessitariam de R$ 60 bilhões. Isso significa que, pelos próximos 20 anos, os recursos do Departamento estão comprometidos – e nenhuma das obras a serem realizadas incluem o trecho que corta o Estado.

* Com informações do Jornal Informativo do Vale