O SR. LUCAS REDECKER (PSDB) – Saúdo o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Alexandre Postal; a Sra. Procuradora-Geral Adjunta do Estado, Dra. Helena Beatriz Coelho, neste ato representando o Sr. Governador Tarso Genro; o Sr. Subprocurador-Geral de Justiça, Dr. Marcelo Lemos Dornelles, neste ato representando o Sr. Procurador-Geral de Justiça; o Sr. Defensor Público-Geral do Estado, Dr. Nilton Leonel Arnecke Maria; o comandante militar do Sul, general de exército Carlos Bolivar Goellner; o Sr. Presidente do Tribunal Regional Eleitoral, desembargador Gaspar Marques Batista; a Sra. Talita Mondin, filha do ex-parlamentar Guido Mondin; as Sras. e os Srs. Parlamentares desta Casa; as demais autoridades; os representantes da imprensa; as senhoras e os senhores.

Quando chega o mês de setembro somos contagiados pelo verde, amarelo e vermelho da bandeira do Rio Grande do Sul. Inevitavelmente, começam os preparativos para o dia 20 de setembro, quando se comemora a data em que os farrapos iniciaram sua revolta contra o governo imperial do Brasil, em 1835.

O fato é que são poucos os Estados brasileiros que celebram suas datas cívicas com tamanha mobilização e paixão. Em todos os cantos do nosso Estado são organizadas celebrações que relembram a mais longa das rebeliões brasileiras.

A Semana Farroupilha, que vivenciamos neste momento, congrega todos os cidadãos gaúchos de todas as regiões e classes sociais até os que hoje vivem em outros lugares do País e, por que não, do mundo.

Nossa história está enlaçada na cultura e nas tradições do gaúcho. Basta observar o que ficou dessa cultura nos nossos símbolos, na bandeira e no hino que cantamos com tanta emoção.

Sobram razões para comemorarmos a Revolução Farroupilha. Ela marcou decisivamente a personalidade e o civismo de todos nós. Não é o caso de fazer a simples apologia dos heróis ou recriminar os seus opositores, nem de desviar a atenção da essência dos fatos para discussões acerca do separatismo imposto ao Rio Grande pela intolerância imperial.

É fundamental, no entanto, refletir sobre a opção corajosa e despojada daqueles gaúchos que souberam decidir sobre o melhor caminho para o Estado naquele período histórico. Eles souberam fazer a guerra e construir a paz e nos passaram um legado de abnegação e heroísmo que estamos hoje a comemorar. Foram contemporâneos de um mundo em transformação se opondo à estrutura política arcaica, ao autoritarismo e absolutismo da época.

Decorridos quase dois séculos, permanece entre nós aquele espírito que levou a Província do Rio Grande do Sul a superar a posição econômica secundária que lhe era imposta pelo poder central. A corte brasileira não fazia justiça ao nosso Estado, não só pelos pesados tributos impostos ao charque em contraposição ao mesmo produto originário dos países platinos, mas especialmente pelo não reconhecimento do papel singular do Rio Grande na expansão e fixação das fronteiras ao sul do Brasil.

Afirmo que diante desses fatos é possível dizer que os gaúchos sempre tiveram convicções ideológicas republicanas, liberais, federalistas, antiabsolutistas, opostas ao centralismo e ao conservadorismo reinantes no Brasil desde a Constituição outorgada em 1824. Vale ressaltar, ainda, que eram notáveis os debates que se feriam na recém-instalada Assembleia Provincial, na qual se destacavam os principais líderes farroupilhas.

Na revolução, lutaram não só gaúchos mas também mineiros, como o compositor do Hino Rio-Grandense, maestro Joaquim José de Mendanha; fluminenses como José Mariano de Matos, que foi ilustre presidente da República Rio-Grandense; catarinenses como Anita Garibaldi, precursora da participação feminina na política; e até europeus, paladinos de ideias libertárias, como foi o caso de Giuseppe Garibaldi e Tito Lívio Zambeccari, que se incorporaram às tropas revolucionárias.

É importante destacar que, por meio da nossa revolução, o Rio Grande madrugou na promoção das reformas contra as quais se posicionava o poder das regências e do império brasileiro. Muito do que só aconteceu no século 20, como a Revolução de 1930, foi semeado na Revolução Farroupilha.

O Rio Grande do Sul tem um passado diferenciado, disso ninguém discorda. A maneira como foi conquistado o solo brasileiro no extremo sul do País determinou modos de vida e valores singulares, em grande parte diversos daqueles cultivados em outras regiões brasileiras.

O solo gaúcho não foi outorgado gratuitamente, mas conquistado a partir da luta. É aí que se encontra a raiz da consciência tradicionalista, que tem hoje uma expressão forte, visível não apenas na vitalidade dos Centros de Tradições Gaúchas, na música nativista, no churrasco, no mate, mas também no modo de ser gaúcho, na fibra, na coragem e na determinação do nosso povo.

Ao saudar a Revolução Farroupilha em nome do Partido da Social Democracia Brasileira, o PSDB, concluo assinalando que nós, gaúchos, somos felizes por termos, nesses personagens históricos, um modelo a ser seguido por seu patriotismo, senso de justiça e responsabilidade na condução de tudo o que diz respeito à construção de uma sociedade dedicada ao bem comum. Muito obrigado. (palmas) (Não revisado pelo orador.)