Familiares e amigos das vítimas do acidente aéreo com o voo JJ 3054, da TAM, devem conhecer dentro de 90 a 100 dias a sentença dos três réus pelo acidente que matou 199 pessoas, em São Paulo, em 17 de julho de 2007. Eles foram interrogados na sexta-feira na 8ª Vara Criminal Federal de São Paulo, que concedeu prazo de 45 dias à acusação e outros 45, à defesa, para as manifestações finais.

Foram ouvidos a ex-diretora da Agência Nacional de Aviação (Anac), Denise Abreu, o vice-presidente de Operações da TAM, Alberto Fajermann, e o diretor de Segurança de Voo da TAM, Marco Aurélio dos Santos de Miranda e Castro. Os três respondem pelo crime de atentado contra a segurança do transporte aéreo, que, a exemplo do de homicídio culposo, pode render pena de até 12 anos de reclusão.

A audiência foi fechada à imprensa e durou quatro horas e meia. Para o procurador da República Rodrigo De Grandis, os interrogatórios reforçaram a convicção do Ministério Público Federal pela culpa dos réus.

“O MPF vai sustentar a aplicação de uma pena extremamente alta a eles, pois as declarações apontam para a convicção nossa de que possuem responsabilidade penal sobre o caso. A pista onde o avião pousou não poderia jamais ter sido liberada naquela ocasião”, citou o procurador, para quem a sentença deve sair até o mês de agosto deste ano.

Indagado sobre o que chamou mais sua atenção, nos interrogatórios, De Grandis avaliou: “O depoimento da ex-diretora da Anac. Porque ela contrariou toda a prova produzida ao longo do processo”, afirmou.

Para o advogado Antonio Cláudio Mariz, que defende Fajermann e Castro, as declarações dos clientes “foram muito bons e esclareceram todos os aspectos”.  “Mas falta alguém no banco dos réus – alguém da Infraero ou da torre de comando. Esta pessoa não está respondendo a processo criminal”, ressalvou Mariz, sem citar nomes.

Os réus não quiseram falar com os jornalistas, assim como o advogado da ex-diretora da Anac.

Pais de vítimas relatam perdas e esperança por justiça
Pai de uma jovem que completaria 24 anos no dia em que acabou sepultada, vítima do acidente, o engenheiro Archelau Xavier, 61 anos, acompanhou os interrogatórios. “A gente espera que essas mortes não tenham sido em vão. Que isso tudo não acabe em puzza”, disse.

“Esse julgamento é uma maneira de se dar uma satisfação à sociedade e de fazer com que os pessoas arquem com suas responsabilidades por perdas tão trágicas, tão estúpidas. Isso não pode acontecer de novo. Tive que reconstruir a minha vida – mas alguém tem uma ideia do que seja isso quando se vive em função de um filho? Não é fácil”, lamentou.

Mãe de uma comissária de 20 anos morta no acidente, Therezinha Silva, 53 anos, desabafou: “A gente nunca espera que isso aconteça na própria família, mas, com a minha, aconteceu. Queria apenas que os responsáveis assumissem que houve erros, que admitissem isso para que outras tragédias não voltassem a ocorrer. Minha filha, Madalena, faz uma falta tremenda.”

fonte: site Terra