O líder da Bancada do PSDB, deputado Lucas Redecker, manifestou-se na tribuna da AL com relação ao plantio da próxima safra de arroz no RS. Mesmo com o produto valorizado, os produtores temem que uma nova estiagem assole o RS e prejudique pelo segundo ano consecutivo o plantio de arroz. Em muitos municípios gaúchos, disse o parlamentar, a estiagem ainda persiste e nenhuma solução vem sendo adotada pelo governo do Estado para solucionar o problema. O deputado disse que o tema precisa ser constantemente debatido dentro do Parlamento e junto ao governo do Estado, e não apenas quando falta água. Redecker também entende que o governo errou ao abandonar os programas de irrigação que estavam em andamento e por não lançar uma política de estímulo à irrigação no RS. Confira a íntegra do pronunciamento de Redecker: 

“Venho à tribuna, hoje, porque recebi ligações de alguns amigos e produtores de arroz que estão muito preocupados com a próxima safra. Eles enfrentam a condição atual de um produto mais valorizado, mas têm uma perspectiva negativa em relação à produção da lavoura em detrimento da estiagem que nos assola. 

O deputado João Fischer, que me antecedeu nesse debate, falou sobre a diminuição do PIB gaúcho. Muito disso se deve ao efeito da estiagem na agricultura do Rio Grande do Sul. O arrozeiro tem essa preocupação. 

Estava lendo alguns dados da Federarroz e decidi vir à tribuna para dividir com os colegas e com a bancada a preocupação da Federarroz, dos produtores de arroz e, evidentemente, de todos os colegas tendo em vista o que a orizicultura representa no cenário gaúcho. 

Hoje, o déficit hídrico no Estado do Rio Grande do Sul é de quase 43%. Trinta e dois municípios dos maiores produtores de arroz fizeram uma análise. Esse déficit hídrico de 43% representa muito. A tendência é que venhamos a ter um recuo de quase 23% da área plantada. Há municípios hoje com apenas 10% da disponibilidade hídrica das barragens e açudes. Ou seja, mesmo com a perspectiva do aumento de chuva, mesmo com a perspectiva que estamos vivendo nesta semana e nas semanas anteriores de a chuva encher as barragens e os rios, há municípios que continuam numa condição deficitária, com 10% de reserva hídrica, enquanto outros apresentam percentuais um pouco maiores, mas também comprometedores para a safra de 2013. 

Comparando a nossa atual disponibilidade de recursos hídricos com a do ano anterior, vemos que seria suficiente para 58% da área plantada na lavoura anterior. Ou seja, a nossa condição de desenvolvimento é deficitária. 

Fizemos uma CPI do Arroz nesta Casa há pouco tempo. Venho a esta tribuna para dizer que é urgente termos uma condição mais efetiva de aplicação dos recursos no combate à estiagem. É preciso que o governo do Estado tenha efetivamente programas de governo que definam a condição não apenas dos orizicultores, mas de todos os produtores pequenos, médios e grandes. 

Para resolver o problema, em algumas propriedades, seriam necessários pequenos açudes, e, em outras regiões, haveria a necessidade de grandes barragens, mas não podemos excluir os programas de governo e deixá-los apenas no discurso e no papel, porque a sociedade gaúcha depende da agricultura, da sua produção, que é responsável pelo superávit na balança comercial e pelo aumento do PIB. A nossa agricultura poderá fazer com que o Rio Grande do Sul seja um Estado pujante e com condições financeiras de honrar tudo aquilo que as pessoas esperam dele e, acima de tudo, a sua condição básica de prestador de serviço para a sociedade gaúcha. 

Faço esse alerta a todos os deputados, inclusive à base do governo, pois é uma preocupação tanto da Federarroz quanto de tantas outras entidades em relação a outras lavouras. Evidentemente, o arroz é uma cultura que necessita de mais água, mas as outras culturas também podem sofrer com a estiagem. 

Temos vários deputados que defendem o produtor rural, e tenho certeza de que eles entendem essa necessidade. 

Essa era a manifestação que eu gostaria de fazer, no sentido de que nos lembremos, num momento de chuva, em que estamos esquecidos da estiagem, de que daqui mais uns dias vai chegar o verão e teremos novamente tempo seco, estiagem, diminuição dos recursos hídricos. Daí, retornarão as manifestações, e a Assembleia Legislativa de novo se voltará ao combate à estiagem, mas talvez ainda não tenhamos a solução do problema. Espero que sim! Muito obrigado.”