Os 90 anos de João Carlos D’ávila Paixão Côrtes foram homenageados, nesta quarta-feira (12), em Grande Expediente na Assembleia Legislativa. A cerimônia, com a galeria cheia, teve a presença de tradicionalistas, músicos, amigos e familiares do grande folclorista gaúcho. “Sinto-me emocionado, pois hoje tivemos aqui, nesta Casa que representa o povo, o reconhecimento a ele como pessoa, não só pelo trabalho realizado. Com meu pai, houve a valorização da cultura popular: o que era grossura virou cultura”, disse Carlos Paixão Côrtes, filho do homenageado.

Paixão Côrtes passou a infância em Sant’Ana do Livramento, permeada pelo contato com a natureza e com os hábitos da Campanha. “Este meio rural foi o condutor da sua herança cultural, que proporcionaria a sua profunda identificação com o campeiro, com o pastoril, que o acompanharia vida a fora”, afirmou a Regina Becker Fortunati, que propôs a homenagem.

O modo como promoveu as tradições em vestimentas, hábitos, e até gestos, em uma época em que havia predomínio e valorização de costumes norte-americanos, nas décadas de 1940 e 1950, também foi destacado. “O Manifesto escrito por Paixão, à época, é um claro grito de alerta. Uma resistência cultural a tudo que desejavam impor aos costumes dos brasileiros, uma ideia de suposta superioridade norte-americana a massacrar o que tínhamos de original”, ressaltou a deputada. A preocupação de Paixão Cortês com o bem-estar do cavalo, como símbolo que é do Estado, também foi lembrada. “É um gaúcho de um valor imenso, pelo resgate da nossa cultura, e pela forma destemida como o fez”, defendeu a deputada.

Em nome do PSDB, falou o líder da bancada tucana, deputado Lucas Redecker. O parlamentar afirmou que Paixão Côrtes promoveu e estimulou o uso da vestimenta do gaúcho num tempo em que era considerado vergonhoso sair de bombacha à rua e que ele orgulha todo o Rio Grande pelo que fez em prol do tradicionalismo. Disse que o dia de é especial, pois é também o dia em que seu pai (falecido deputado federal Júlio Redecker) estaria completando 61 anos e que ele foi colega de trabalho do homenageado. “A história do Paixão Côrtes se confunde com a história do Rio Grande do Sul. Vida longa a ele”, afirmou.

Ao final do Grande Expediente, o cantor Ita Cunha interpretou duas músicas de autoria de Paixão Cortes, Minha Querência e Hino ao Rio grande, emocionando a todos os presentes. Também acompanharam a homenagem as filhas do folclorista Ana e Zuleima, o neto Rafael; o secretário de Estado da Cultura, Turismo, Esporte e Lazer, Vitor Hugo Alves da Silva; o presidente do Movimento Tradicionalista Gaúcho, Nairo Antunes Callegaro; a escritora Elma Sant’ana; Ângela Caringi, filha do escultor Antônio Caringi, autor da Estátua do Laçador, para a qual Paixão Côrtes serviu como modelo; e o ex-prefeito de Porto Alegre José Fortunati, o ex-governador Olívio Dutra, e o vereador Marco Monteiro, representando a Câmara de Sant’Ana do Livramento.