A obra interminável da ponte na Avenida dos Municípios, entre Novo Hamburgo e Campo Bom, foi novamente tema de audiência pública na Assembleia Legislativa, na manhã desta terça-feira (07). A reunião atende pedido do deputado estadual e líder da Bancada do PSDB, Lucas Redecker, que cobra respostas do Daer sobre o tema, que há anos vem sendo discutido dentro da Casa. O presidente da Comissão de Assuntos Municipais, Eduardo Loureiro, conduziu a discussão, que reuniu a prefeita de Novo Hamburgo, Fátima Daudt; o secretário de Obras de Novo Hamburgo, Faisal Karan; vereadores dos dois municípios e o sub-scretário do Tesouro do Estado, Elói Stertz.

Para o deputado Lucas Redecker (PSDB), que trata o assunto da ponte como “dívida do Estado com a Região do Vale do Sinos”, essa situação “é a comprovação da ineficiência do poder público, que não consegue executar, planejar e resolver o problema”. Mesmo de pequena extensão, disse ele, a obra representa muito para as comunidades de Campo Bom e Novo Hamburgo, onde o fluxo desviado de veículos provoca transtornos viários e humanos. Também reclamou da impossibilidade de a Assembleia convocar os dirigentes da empresa, a EPT, para prestar esclarecimentos, defendendo mudança no Regimento Interno para que também empresa privada com serviço para estrutura pública preste contas ao Legislativo. Ele ainda cobrou do DAER o cronograma de finalização da obra.

A prefeita de Novo Hamburgo, Fátima Daudt, também pronunciou-se no sentido de que a ausência dessa obra é o símbolo da ineficiência do Estado. Para ela, trata-se de uma simples ponte e não de uma obra faraônica que vá consumir milhares de reais. Ela disse que vai aguardar os desdobramentos da audiência pública e que se nada for feito dentro em breve, vai buscar outras alternativas para que a obra finalmente se concretize.

O diretor-geral do DAER, Rogério Uberti, por sua vez, prometeu que até a próxima sexta-feira (10), vai mostrar aos deputados o cronograma da obra de 44 metros da ponte da Avenida dos Municípios, paralisada nos últimos meses e inconclusa há três décadas. A EPT Engenharia, responsável pela obra, não atendeu à convocatória da comissão que pela terceira vez nesta Legislatura reuniu órgãos públicos, dirigentes municipais e vereadores de Novo Hamburgo e Campo Bom para tratar do tema.

Também informou que hoje (7) pela manhã foi realizada reunião para tratar da questão orçamentária da conclusão da obra. “Assumo o compromisso de oferecer um cronograma detalhado dos passos da obra, faço questão de divulgar cada problema que ocorrer”. Informou que o cronograma não está pronto “em função das reuniões que acontecem agora de manhã”. Mas até sexta-feira, dia 10, ele se comprometeu em enviar o cronograma aos deputados.

Auxílio às empresas

Com o dinheiro para a conclusão da ponte disponibilizado pela Secretaria da Fazenda, em torno de R$ 1,5 milhão, o entrave está na empresa que venceu a licitação, a EPT Engenharia, apontou o diretor-geral do DAER, Rogério Uberti. Conforme explicou, a autarquia vem “ajudando eles a executar a obra”, depois do insucesso da tentativa de rescindir o contrato com a EPT que “é empresa muito ruim”. O DAER já trocou estacas três vezes para a EPT, que “não tinha condições de executar”, revelou Uberti, atribuindo a paralisação dos trabalhos dos últimos meses à ineficiência da empresa. Disse, ainda, que mesmo sem condições técnicas essa empresa vence licitações, “e o poder público fica atrás, multando e tentando resolver”. Ao defender o DAER de acusações de incompetência, ele contou a luta que trava para finalizar esse trabalho. E assegurou que tudo estará finalizado em março do próximo ano, “coloco meu cargo à disposição, mas termino até março”, comprometeu-se.

Rogério Uberti disse que na próxima semana serão cravadas as estacas pré-moldadas, “a empresa prometeu para dez dias mas conseguimos outra empresa para vender as estacas e colocá-las para a EPT”, informando que foi priorizado pagamento para esse trabalho. “Hoje, mais ajudamos empresas a trabalhar do que elas trabalham”, desabafou, uma vez que “o setor está quebrado, poucas empresas têm condições de execução de obras”. Informou, também, que o processo licitatório dos aterros está pronto e empresa disponível para esse serviço. Garantiu que os operários voltam para o trecho entre Campo Bom e Novo Hamburgo até o final de novembro.

O diretor-geral do DAER justificou a ausência da EPT na audiência, “foi bom não terem vindo, não teriam o que dizer”, contando que episódio como esse aconteceu na ponte do Caverá, mesmo com dinheiro disponível. Mas ele acredita que a obra será finalizada e espera que “o DAER tenha mais sorte com empresas de suporte técnico que peguem as obras”, e não enfrentem dificuldades para executar o programa.

foto: Deputado exibiu exemplar do Jornal NH, que nesta terça-feira, trouxe mais uma matéria sobre as obras paradas