A importância do setor calçadista para o país, tanto em termos econômicos, quanto sociais, foi a tônica dos discursos das autoridades políticas e setoriais presentes na abertura oficial da Couromoda 2014 na manhã desta segunda-feira (13), em São Paulo. A solenidade, que marca também o início da São Paulo Prêt-à-Porter, contou com a presença do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que reafirmou seu compromisso com os empresários calçadistas.

O presidente e fundador da Couromoda, Francisco Santos, ressaltou a dedicação dos fabricantes em apresentar uma feira bonita e agradável aos visitantes de todo país e do exterior. “Nossos expositores vieram com uma apresentação primorosa para receber bem os compradores, oferecendo em seus estandes um ambiente moderno e um clima onde se respira moda em todo seu contexto”, disse. “Depois de um ano atípico, onde a economia andou a passos mais lentos do que estávamos habituados, nossa feira será o termômetro para medir o humor do mercado e dos milhares de compradores que vêm de todo o Brasil e de mais de 60 países, para conhecer as coleções de calçados, artefatos e acessórios de moda que estarão nas vitrines neste primeiro semestre.”

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, também participou da solenidade e destacou a importância da Couromoda e a grandeza de um setor completo, com curtumes, indústria, tecnologia e design. Para estimular a realização de negócios no setor calçadista, Alckmin anunciou que liberou um prazo adicional de 30 dias para o pagamento do ICMS das operações que forem fechadas durante a Couromoda.

O deputado estadual e líder do PSDB na Assembleia Legislativa, deputado Lucas Redecker, representou o Parlamento gaúcho na abertura. Redecker afirmou que o evento mostra a grandeza e a capacidade de superação do setor coureiro-calçadista, mas é uma pena que velhos problemas do setor voltem à tona a cada nova edição da Couromoda. Redecker saudou a iniciativa do governo de São Paulo, que assinou decreto no último sábado liberando prazo adicional de 30 dias para o pagamento do ICMS das operações que forem fechadas durante a Couromoda e sugeriu que medidas semelhantes também poderiam ser adotadas pelo governo gaúcho para incentivar o segmento.

Ameaças

O presidente executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Heitor Klein, afirmou que preocupam os calçadistas brasileiros as práticas comerciais ilegais que vêm sendo adotadas por concorrentes internacionais. Apesar das restrições impostas, como as medidas antidumping e a sobretaxa de 20%, a China amplia a cada ano a venda de sapatos desmontados ao Brasil. Em 2013, o ingresso de produtos originários daquele país cresceu 33%.

Outras ameaçam que também causam de dor de cabeça aos calçadistas brasileiros – vêm do próprio Mercosul. O Paraguai, por exemplo, exporta ao Brasil calçados prontos e partes em volumes muito superiores à sua capacidade produtiva, indicando que estes, na verdade, têm origem em outros países. “O que torna o fato ainda pior é que estes produtos estão isentos do imposto de importação e constituem uma flagrante agressão aos produtores domésticos”, afirma.

A Argentina, outro parceiro comercial do Brasil no Mercosul e o segundo maior comprador de calçados brasileiros, em 2013 impôs bloqueio ao ingresso de cerca de 750 mil pares de calçados, os quais permaneceram parados na alfândega por mais de 60 dias, causando prejuízos a diferentes fabricantes. A liberação parcial somente ocorreu devido à pressão dos industriais e do MDIC. “O fato causou grande frustração aos empresários e incertezas entre os clientes quanto à capacidade brasileira de abastecê-los com regularidade”, finalizou Heitor Klein.