Em lojas argentinas, calçados brasileiros estão sendo gradualmente substituídos por produtos fabricados no país vizinho. Entidades do setor calçadista afirmam que as dificuldades na liberação da entrada de sapatos está fazendo com que o Brasil perca competitividade na Argentina, favorecendo a indústria local.

Atualmente há 2,8 milhões de pares aguardando a licença para exportação, e as empresas prejudicadas começam a avaliar alternativas para contornar o problema. Uma das opções é fabricar diretamente na Argentina. O caminho já foi trilhado por empresas gaúchas como Paquetá, de Sapiranga, e Coopershoes, de Picada Café, que mantêm plantas industriais no país vizinho.

Outra alternativa é terceirizar a produção por meio de parcerias com indústrias locais. Qualquer que seja a escolha, calçados antes produzidos no Brasil, gerando empregos e investimentos, poderão sair de fábricas argentinas.

– É uma estratégia do governo de lá que tem dado certo. O problema é que é alicerçada em prática ilegal e antiética, descumprindo acordos firmados– afirma o diretor executivo da Abicalçados, Heitor Klein.

Com 20 anos de investimentos em marketing e fortalecimento de marca na Argentina, a West Coast, de Ivoti, busca soluções para as dificuldades na exportação. A indústria já produziu em parceria com uma empresa local no ano passado, e pode voltar a fabricar no país vizinho.

– Não podemos perder todo o investimento que fizemos para nos estabelecer na Argentina. Essa é uma alternativa que está sendo avaliada por várias marcas. Infelizmente, sabemos que postos de trabalho que poderiam ser gerados aqui, serão gerados lá – diz o diretor de mercado, Rafael Schefer.

Indústria argentina dobrou produção em sete anos

Os números da indústria calçadista argentina mostram a evolução do setor. De acordo com dados do Ministério da Indústria, entre 2003 e 2010 o país passou de 50 milhões para 105 milhões de pares produzidos.

Para 2011, a perspectiva é de fechar o ano com aumento de 10%. O fortalecimento do mercado interno também deve ser um dos caminhos para as empresas daqui. Quem não pretende produzir na Argentina, mira o mercado interno brasileiro, para vender por aqui o que exportaria.

Fonte: Zero Hora