O ano começa com cerca de 700 novos desempregados no Estado. Esse é o saldo do fechamento da empresa Doublexx, indústria de calçados de Estância Velha, no Vale do Sinos, e que mantinha filiais em Boa Vista do Buricá, Horizontina e Humaitá.

Alegando dificuldades financeiras, a companhia deu férias coletivas aos trabalhadores no dia 20 de dezembro. A retomada estava marcada para ontem, mas as portas das quatro fábricas permaneceram fechadas.

Exportadora, a empresa concentrava a produção em calçados com maior valor agregado, com clientes na Europa, Ásia e América. O principal mercado da Doublexx eram os Estados Unidos. De acordo com a advogada da empresa, Adriana Müller, as dificuldades começaram em 2006, quando um problema em um componente fez com que um pedido fosse devolvido à companhia.

– De lá para cá se vinha tentando recuperar, mas no ano passado um pedido que não foi pago piorou a situação. As dificuldades financeiras já não permitiam que a Doublexx conseguisse arcar com os custos da folha de pagamento, dos acordos trabalhistas e da matéria-prima – afirma Adriana.

Todos os funcionários terão de recorrer à Justiça para receber os valores a que tem direito. A advogada acredita que as dívidas trabalhistas cheguem a R$ 1,5 milhão, valor que deve ser pago com a venda da sede em Estância Velha, avaliada em R$ 4 milhões.

Na família de Claudio Padilha Gomes, 34 anos, de Boa Vista do Buricá, o drama de estar desempregado por causa do fechamento de uma fábrica se repete pela terceira vez. Há sete anos ele e a mulher, também funcionária da Doublexx, saíram de Santo Antônio do Inhacorá para trabalhar em fábricas calçadistas.

– As duas primeiras empresas fecharam, mas não saí do ramo. Este era meu terceiro emprego no setor. Eu e a mulher trabalhamos lá. Os empregos é que garantiam o sustento dos nossos três filhos – conta Gomes.

fonte: Zero Hora