O SR. LUCAS REDECKER (PSDB) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados:

Saúdo o público presente.

O deputado Alexandre Postal veio à tribuna propor um debate antigo, corriqueiro nesta tribuna, que estamos fazendo há muito tempo. Infelizmente, hoje, como representantes da população, escolhidos por ela para representá-la neste Parlamento, observamos um enfraquecimento, quem sabe, da democracia, dos bons costumes e do que as pessoas esperam dos representantes públicos pelo fato de o Supremo Tribunal Federal ter absolvido do crime de formação de quadrilha alguns integrantes do mensalão.

A população, as pessoas nas ruas das cidades e do interior que pensam que crimes do colarinho branco não dão cadeia, que acreditam que quem mete a mão no dinheiro público não vai preso, continuarão pensando isso. Não há dúvida, deputado Alexandre Postal. É muito fácil um ladrão de galinha ir para a cadeia, mas não esse grupo.

O Sr. Raul Pont (PT) – (Dá um aparte antirregimental.)

O SR. LUCAS REDECKER (PSDB) – V. Exa. pode usar a tribuna, tem um tempo assegurado, deputado Raul Pont. Se quiser, V. Exa. pode defender o José Dirceu e o Delúbio, que agora não ficarão mais no regime fechado, mas no semiaberto.

Inclusive um grupo do PT, há poucos dias, fez uma reunião aqui em Porto Alegre para juntar dinheiro e apoiar o José Dirceu. O mesmo ocorreu no Estado inteiro, no Brasil inteiro. Não tenho dúvidas de que hoje soltarão foguetes na frente da Papuda. Claro que não foi publicada ainda a decisão, que não chegou ainda o momento de o José Dirceu sair para abraçar seus companheiros, mas não tenho dúvida de que o PT está em festa porque os seus comandantes, os que definiram o rumo do partido durante o governo Lula e o governo Dilma estarão, durante o dia, livres para continuar dando o seu pitaco e definindo o rumo da política nacional do partido e, acima de tudo, do governo.

Vim aqui para me solidarizar ao deputado Alexandre Postal e a outros deputados que se manifestaram e se manifestarão ainda, com certeza. É um absurdo a impunidade. Os agentes políticos que cometem crime de corrupção, independentemente do partido a que pertençam, têm que ser julgados e punidos. Muitas vezes, artifícios usados para absolver essas pessoas dando condições para que não sejam punidas como deveriam nos entristecem e enfraquecem o perfil do homem público.

Mas quero utilizar o resto do meu tempo para dizer que mais uma vez venho a esta tribuna, desde o começo do meu mandato, como diversos deputados aqui vieram, para tratar da nossa relação comercial com a Argentina.

O governo do Estado e o governo federal não dão a mínima importância, não se preocupam com o nosso setor calçadista. Há poucos dias, 410 mil pedidos de calçados foram cancelados, causando um prejuízo de 6,2 milhões de dólares, porque a Argentina não concedeu as licenças para o nosso calçado entrar naquele país. Não houve manifestação por parte dos governos estadual e federal no sentido de sentar para conversar com os dirigentes daquele país.

Agora, aguardamos a liberação de 418 mil pares de calçados para que não haja prejuízo de 9 milhões de dólares para um setor que, sem dúvida alguma, cresceu em cima da exportação e possui um tratado.

E o Mercosul – deputado Frederico Antunes, o senhor é de Uruguaiana –, que deveria ser benéfico para o Estado do Rio Grande do Sul, já que somos vizinhos da Argentina, nos prejudica, porque o governo federal não negocia em favor do nosso Estado.

Quem paga a conta pelo fato de o Brasil vender mais para a Argentina do que comprar é o Rio Grande do Sul, com as sanções e barreiras comerciais impostas pela Argentina ao nosso Estado. E não recebemos um aceno por parte do governo federal, que não demonstra interesse em defender o setor coureiro-calçadista.

Fizemos acordos de exportar por ano 12 milhões de pares de calçados durante algum tempo. Mas a Argentina veta sabiamente porque, ao vetar o calçado que entrou no mês de março, que seria para a estação de inverno, ao chegar o verão tem de devolvê-los, pois já não consegue mais vender.

Essas informações a Abicalçados passou-nos quando estiveram ontem na Comissão do Mercosul tratando desse assunto. Eu também lá estive esta semana tratando sobre esse assunto. Mas, infelizmente, não tenho dúvida alguma de que até o final deste ano e no próximo ano teremos, sucessivamente, os mesmos problemas, continuando a debater a questão calçadista, a não licença para exportar calçados. E quem sabe, no ano que vem, teremos de vir a esta tribuna para denunciar o mesmo problema: a falta de atenção do governo federal, porque acredita que o setor coureiro-calçadista é isolado e não merece atenção, embora outros setores, que estão em melhores condições, têm recebido mais atenção por parte dele.

Deixo aqui a minha crítica e decepção, porque falo deste assunto desde o meu primeiro dia de mandato, e o governo não dá a menor importância e bola.

Muito obrigado. (Não revisado pelo orador.)