O SR. LUCAS REDECKER (PSDB) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados:

Saúdo o público que aqui nos assiste e os telespectadores da TV Assembleia.

Hoje, tenho certeza de que, ao vir a esta tribuna, automaticamente temos de falar sobre as grandes manifestações ocorridas ontem nas capitais do Brasil, nas cidades de médio e grande portes de nosso Estado e de tantos outros.

De certa forma, observo a concordância dos Srs. Parlamentares quanto à necessidade de as pessoas poderem se manifestar, criticar, interagir, com a mídia e com a sociedade, pelas redes sociais. São essas a grande força de mobilização que se tem, que derrubou governos em outros países. Em outros momentos, gerou manifestações em outras nações, agora chegou a vez do Brasil.

Quero complementar os pronunciamentos dos deputados Nelsinho Metalúrgico, Raul Carrion, Catarina Paladini e Pedro Pereira. As pessoas saem às ruas para dizer um basta. Um basta porque estão cansadas das instituições, estão cansadas da classe política, estão cansadas dos governos e das manifestações que aí ocorrem.

Prioridades erradas são elencadas por governos independentemente de partido político. Enquanto isso, alternam-se as eleições, e as necessidades continuam sendo as mesmas. Essa é a maior dificuldade. E é isso o que notamos nas ruas.

Tudo começou com as manifestações sobre as obras da Copa do Mundo, sobre os aditivos feitos para a construção dos estádios. Peguemos o exemplo do Mané Garrincha, que inicialmente começou com uma previsão de 697 milhões de reais e acabou com 1 bilhão e 80 milhões de reais. São 337 milhões de reais a mais em apenas um estádio, mais 200 milhões no Maracanã, mais tanto em outro estádio. E as obras de infraestrutura? E o investimento em educação e na nossa saúde?

A Copa é bem-vinda, é importante para o Brasil, trará desenvolvimento, colocará o nosso País na vitrine do mundo, mas o que deixa as pessoas perplexas e pasmas são as nossas necessidades frequentes e imediatas. Basta sair de casa para vermos que as necessidades do Brasil não mudam.

As pessoas falam sobre a participação política do Renan, do Collor, do Dirceu. Falam do mensalão, que ainda ninguém foi preso. São essas as manifestações que escutamos. Também sobre o perdão das dívidas de países africanos, com ditadores que foram perdoados pelo nosso País. Muitas vezes valores são concedidos a outros países, deixando de serem postos no nosso giro interno do Brasil. É o caso da construção de um aeroporto em Cuba, enquanto que a construção do Aeroporto 20 de Setembro está sendo debatida aqui.

Mas não quero condenar apenas um governo. É um desgaste de toda a classe política. É uma sucessão de governos que vêm errando, e as pessoas legitimamente estão se manifestando. Apoiamos quem se manifesta de maneira ordeira, quem se manifesta de maneira correta, como fizeram em muitos lugares ontem pessoas que foram para a rua manifestar seu ponto de vista.

Mas existem alguns infiltrados que não o fazem de maneira correta, como foi o caso do fogo posto em um ônibus aqui em Porto Alegre, e da depredação de contêineres e de prédios públicos e privados.

É isso o que rechaçamos aqui desta tribuna. Que as pessoas possam ter condições de se manifestar, mas que possamos ter resultados positivos com essa manifestação.

E isso tem, sim, que ser avaliado por este Parlamento. Tem, sim, que ser avaliado pela mídia, pelos estudiosos da nossa sociedade, porque este é um novo movimento político, um movimento que busca justiça social. É um movimento que mostra para nós, políticos, para os Poderes, para todos os que constroem o dia a dia da sociedade, que temos de mudar.

Para finalizar, quero falar de uma preocupação. Há algum tempo, saiu uma reportagem na Zero Horasobre a FASE. Encontramos um problema na FASE aqui do Estado do Rio Grande do Sul, na qual hoje se estima um déficit de recursos humanos de 700 funcionários.

Com um aumento muito grande de horas extras nos últimos dois anos, no patamar de 48%, os pagamentos passaram de um valor de 15 milhões de reais para 23 milhões de reais. Pelos cálculos que foram feitos, em função desses valores a mais, poderia ser contratado um grande número de servidores, quem sabe equiparado ao déficit de 700 funcionários.

Por exemplo, em Passo Fundo, na terra do Dr. Basegio, uma das casas que mais apresentam horas extras não chamou nenhum agente socioeducador, sendo que o diretor solicitou 15 deles.

Eu gostaria de passar esses dados ao governo do Estado para que possa se manifestar a respeito disso e resolver esse problema.

Muito obrigado. (Não revisado pelo orador.)