O SR. LUCAS REDECKER (PSDB) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados:

Inicialmente, Sr. Presidente, quero registrar, de maneira muito consternada e triste, o falecimento do ex-prefeito de Novo Hamburgo, ex-vereador e ex-deputado Jair Foscarini, já referido por esta Casa.

Vim a esta tribuna para falar sobre a sua pessoa e dizer que nós estamos muito tristes em virtude disso. Ele não era do meu partido, mas era da minha cidade. Quando as pessoas fazem política de maneira correta, quando as pessoas fazem política com ética, com responsabilidade e acima de tudo com grande coração, essas pessoas têm que ser lembradas independentemente do partido político ao qual pertençam.

No rol dos bons políticos, nós perdemos um, uma pessoa da qual tive a oportunidade de ser adversário em 2004, ele concorrendo a prefeito e eu também. Perdi a eleição para ele, quem ganhou foi ele.

Em 2008 eu concorri como vice dele. E nós perdemos a eleição. Por incrível que pareça, da mesma maneira que ele me tratava em 2004, quando eu era seu adversário, ele também me tratava quando fui seu aliado, com muito carinho, porque era uma pessoa fraterna.

Ou seja, era uma pessoa que fazia a política do bem, que enxergava o ser humano em primeiro lugar, que é o que está cada vez mais raro e mais difícil de se ver na política e no geral, nos Municípios, nos Estados, no Brasil inteiro.

Em Novo Hamburgo, houve uma grande consternação por tudo o que Jair Foscarini representava junto à comunidade hamburguense.

Ontem vivi algo que me deixou muito emocionado. Quando o corpo de Jair Foscarini saiu da Câmara de Vereadores e foi colocado no caminhão do Corpo de Bombeiros, ele recebeu uma salva de palmas das pessoas que estavam lá. Olhando para os prédios ao lado da Câmara, as pessoas abriam as janelas e também batiam palmas. Ou seja, ele foi uma pessoa que marcou a comunidade, que gostava dele.

Não tenho dúvida de que a bancada do PMDB vai fazer uma homenagem ao ex-deputado Jair Foscarini, mas eu não poderia deixar de fazer esta homenagem pessoal para uma pessoa de quem eu gostava muito, que admirava muito e com quem muito aprendi durante a campanha. É uma pessoa que tinha problemas cardíacos sérios – se não me engano, implantou oito pontes de safena – e que infelizmente se foi cedo. Ele estava se preparando para concorrer, na próxima eleição, a deputado estadual. Não tenho dúvida de que seria eleito e de que seria um dos melhores deputados desta Casa.

Falarei sobre outro assunto que também é desagradável e que muitas vezes já mencionei desta tribuna, que é a insegurança, a falta de segurança. Quantas vezes o deputado Lucas Redecker subiu a esta tribuna para falar do presídio de Novo Hamburgo? Acho que os funcionários da Casa e o pessoal da taquigrafia já devem estar com o ouvido inchado de escutarem este deputado falar sobre esse assunto. Já falei diversas vezes que o presídio tem um muro que não tem cerca nem grade. Os presos pulam o muro para ir ao mercado, para cometer crimes sem problema nenhum, e depois voltam para o presídio.

Domingo eu estava saindo de Novo Hamburgo à tardinha e passei na frente do presídio. Os jornais já bateram foto daquele local em que os presos pulam. Já aconteceram matérias em blogs, em rádios sobre isso. Estávamos agora falando em insegurança à Radio Bandeirantes, ao Diego Casagrande. Lá continua tudo igual, nada mudou.

Fico consternado porque as pessoas me encontram na rua em Novo Hamburgo e me perguntam o que se pode fazer relacionado à segurança daquela cidade. Sábado, eu estava caminhando em Novo Hamburgo à tardinha e encontrei um empresário que possui três estabelecimentos. Ele me disse que neste ano já foi assaltado nove vezes e que inclusive já havia se desfeito de um dos seus comércios pelo prejuízo que vinha sofrendo em virtude dos assaltos.

Falei desta tribuna também que um comerciante na mesma semana, no Bairro Canudos, foi assaltado duas vezes pelo mesmo ladrão. Ele foi preso, depois foi solto e voltou a assaltar o comerciante.

No Jornal NH, que está aqui, há duas páginas falando somente sobre violência. Isso é o cúmulo do absurdo. No jornal consta que um cidadão contratou uma empresa de segurança para fazer a escolta da sua esposa da sua casa até a parada de ônibus todos os dias para ela poder ir ao trabalho e retornar. Não tenho dúvida de que para esse cidadão o seu bem mais precioso é a família, é a esposa, que volta para casa em segurança para cuidar do lar, da casa, dos filhos. Ele contrata – e essa é uma nova modalidade – uma empresa de segurança para cuidar da esposa no trajeto ao ônibus, porque nem na parada de ônibus, durante o dia, as coisas estão tranquilas.

Um comerciante do Bairro Canudos foi assaltado diversas vezes. Isso saiu no Jornal NH, lá na minha cidade. Ele foi falar com o prefeito. O prefeito disse que iria iluminar aquela região, colocar mais luz. Só que os assaltos ocorreram todos durante o dia, ou seja, a iluminação não adianta.

Precisamos é de brigadianos na rua. Precisamos de uma Brigada efetiva, que trabalhe, que ponha efetivo na rua, que faça ações para coibir assaltos, que possamos ter câmaras que de fato funcionem. E que, quanto tenha que solucionar um assalto, se vá ver as gravações que são feitas em câmaras do Município, mas os assaltos não foram gravados, algo que diversas vezes ocorreu no Município de Novo Hamburgo.

O que mais me deixa consternado é que isso sai na mídia, vira notícia e as coisas não são resolvidas. E, para resolver, vemos um quadro que o jornal publica: Proteja-se. Como as pessoas devem se portar e se proteger para não serem assaltadas e estar seguras na cidade. Ou seja, isso é o cúmulo do absurdo. Um jornal tem que informar como a pessoa deve se proteger porque não há uma condição mínima que está na Constituição, que é o cidadão ter segurança, poder andar com tranquilidade, poder ir e vir com seus direitos sendo totalmente contemplados.

Esse quadro que está aqui no jornal, que foi, com certeza, objeto de uma pauta interna com muito estudo, com técnicos em segurança, era um quadro que não precisaria haver.

Na outra página: Ações contra o Crime. Aí são professores, escolas, entidades de bairro, todas envolvidas, com declarações relacionadas ao problema.

Novo Hamburgo é uma cidade que logisticamente beneficia o trânsito de pessoas que queiram cometer crimes de uma cidade a outra. Pode sair de Campo Bom, de Sapiranga, pode vir de Estância Velha, de São Leopoldo, de Gravataí, de Cachoeirinha, porque temos uma cidade grande que faz interligação com o interior.

Por exemplo, no Bairro de Lomba Grande, que é área rural de Novo Hamburgo, tivemos uma audiência pública promovida não pela Assembleia, mas pelos moradores. Naquele momento, escutamos os moradores, que falavam da insegurança em que vivem.

Encaminhamos aqui um pedido na época, junto com os deputados Giovani Feltes, João Fischer e Luis Lauermann, hoje prefeito, solicitando uma pick-up para o secretário de Segurança, para que esse veículo pudesse percorrer o bairro, que tem muita estrada de chão batido.

Demoramos quase um ano para que aquela comunidade tivesse a pick-up fazendo a segurança da região, que é onde se coíbe o trânsito em função de assaltos ocorridos em outras regiões. Sabia-se até quem eram os assaltantes daquela área.

O SR. PRESIDENTE GILMAR SOSSELLA (PDT) – Deputado, o tempo de V. Exa. já está ultrapassado. (pausa) Por solicitação do orador, concedo o tempo de mais uma comunicação de líder a S. Exa.

O SR. LUCAS REDECKER (PSDB) – Ficamos consternados de duas maneiras. Primeiro, pela falta de segurança.

Hoje, nesta Casa, na Comissão de Segurança e Serviços Públicos, tivemos uma audiência pública tratando da insegurança por proposição do deputado João Fischer. Foram convidados os representantes legais, que debateram esta mesma situação que estou expondo da tribuna.

Infelizmente, na minha cidade e no Estado do Rio Grande do Sul, as pessoas se sentem inseguras, pois não possuem mais aquilo que eu tinha quando era guri, no Bairro Ideal, em Novo Hamburgo, ou seja, a possibilidade de sair da escola – minha mãe não sabia aonde eu andava – e ir para a casa de um ou de outro. Eu brincava pelo bairro, e não havia essa preocupação de, ao ir à escola e ao voltar para casa, poder ser sequestrado ou assaltado.

Hoje, as crianças são criadas dentro de casa, dentro de apartamento, e só podem sair de lá se forem para a moradia de algum amigo. As coisas mudaram. As pessoas, quando vão caminhar na rua, o fazem apenas durante o dia, não mais à noite nas cidades com grande movimentação, inclusive no interior. Então, a situação está mudando.

Infelizmente, não vejo ação alguma. Só para tratar da questão do presídio, já utilizei a tribuna por mais de cinco vezes. Os jornais, revistas, rádio e televisão deixam muito claro que este é um dos maiores problemas que o Estado do Rio Grande do Sul enfrenta: a falta de segurança.

Não estou vendo uma melhora. Podem vir aqui dizer que há investimentos, que estão disponibilizando efetivos e carros, mas não é o que as pessoas estão vendo. Pois não é sensação de tranquilidade que elas estão tendo. (Não revisado pelo orador.)