Existem minutos que duram para sempre. Eles marcam, ferem, redimensionam a própria percepção do tempo. Negam-se a ir embora. Depois de cinco anos da maior tragédia aérea brasileira, que se completam nesta terça-feira, há 400 desses minutos que seguem vívidos, imiscuídos no presente, recusando-se a deixar que feridas se fechem. Eles começam às 18h54min de 17 de julho de 2007, quando o Airbus da TAM que levava 187 passageiros e tripulantes de Porto Alegre a São Paulo, incluindo 93 gaúchos, atravessou a pista do Aeroporto de Congonhas em alta velocidade, arrebentou um muro, roçou os carros de uma avenida movimentada e explodiu contra um prédio repleto de trabalhadores, matando 199 pessoas. Principiava ali um período da mais severa agonia, aquela tingida de uma ponta de esperança. Ele se estendeu interminável e cruelmente até a 1h34min do dia 18, quando o Brasil finalmente pôde saber o nome dos mortos na tragédia, que deixou 154 órfãos, enlutou 17 Estados e espalhou dor por sete países. Os 400 infinitos minutos entre um momento e outro, grávidos de não-ditos e com muito ainda por revelar, são alvo de uma minuciosa reconstituição na série de reportagens que se inicia hoje e segue até a terça-feira. Para entendê-los em sua plenitude, ZH lançou-se também à investigação de suas causas, carregadas de falhas e desconsiderações, e de seus desdobramentos, que
seguem longe de ter fim – porque aqueles 400 minutos ainda não acabaram.

fonte: Zero Hora dominicial