O SR. LUCAS REDECKER (PSDB) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados:

O requerimento que o governo apresenta – não posso deixar de vir aqui comentar – nada mais mostra do que a falta de sensibilidade e de habilidade e, acima de tudo, a sua condição de autoritarismo.

Quando o governo protocolou uma leva de projetos em regime de urgência, nós, deputados de oposição e líderes de bancada, pedimos não só nas reuniões de líderes, mas aqui na tribuna e em diversos locais que o governo retirasse alguns projetos considerados polêmicos, para que pudéssemos discuti-los.

Escutamos nesta Casa, da base do governo e, principalmente, da liderança do governo, que não teriam como retirar esses projetos em regime de urgência, eles eram extremamente necessários e precisavam ser votados nesse prazo. Aprovados, porque no dicionário deles não existe a condição de rejeição dos projetos.

Agora o governo tem retirado sistematicamente projetos e parece que de maneira bem tendenciosa, porque são projetos para os quais eles não tinham maioria na Casa, como da Gestão Democrática de Ensino, da Suepro, RPVs, Banrisul e CEEE. Estes foram os projetos que eles contabilizaram indiretamente que seriam rejeitados pelo plenário. Vieram aqui retirar o projeto da CEEE, porque viram que não tinham a maioria no plenário. Deputados da base vêm dizer que querem fazer a discussão dos projetos, mas por que protocolaram em regime de urgência? Por que encaminharam um regime autoritário para dentro desta Casa com relação a esses projetos se querem discussão?

Se querem discutir os projetos, protocolem nesta Casa e discutiremos nas comissões. Se querem discussão, venham para o plenário e não protocolem vários projetos em regime de urgência. E ainda tentam fazer acordo publicando projetos que ainda não venceram a pauta. Querem antecipar, porque foram desorganizados na hora de trazer para Casa projetos que não encaminharam em tempo hábil. Não conseguindo vencer a pauta do final do ano, estão dizendo agora que o governador vai convocar para uma sessão extraordinária. Quando retiraram o quórum, eles tinham tempo para votar, mas não queriam votar. E condenaram diversas vezes a oposição, quando retirou o quórum.

Esses 90% de projetos em regime de urgência são os que estamos votando hoje. Aliás, votaremos hoje e amanhã de manhã, como tantos outros.

Quero entender por que o governo busca esse 1,3 bilhão de reais para fazer caixa. O que fará com esse dinheiro? Vai ficar no futuro a conta para o governo pagar. Quem irá administrar esse valor, para onde vai ou não, será o governo.

Esta Casa já aprovou quase 7 bilhões de reais em empréstimos para este governo, mais 5 bilhões de reais dos depósitos judiciais, totalizando a casa dos 12 bilhões de reais, e mais um outro tanto o governo quer buscar da CEEE.

Gostaria de que esses recursos dos empréstimos e depósitos judiciais estivessem à vista no Estado do Rio Grande do Sul. Que pudéssemos vê-los sendo aplicados e investidos em obras e construções. Infelizmente, essa não é uma realidade.

Estamos vendo que há dinheiro em caixa, os projetos foram aprovados, mas as obras não saem do papel. São rodovias pedagiadas esburacadas. Há déficits em várias áreas. O governo vem acumulando uma dívida cada vez maior porque não faz uma gestão eficiente para administrar o Estado, sobretudo em termos de perspectivas para o futuro.

Como foi dito ontem, os reajustes para 2018 são projeções que este governo faz para os próximos governos. Temos que discutir a condição jurídica de tudo isso.

Vejo que o governo não foi sensível e teve medo da derrota. Essa é a verdade. Não adianta vir aqui dizer que o governo foi sensível, pois não o foi. Os projetos são protocolados em regime de urgência, e quando os deputados da base aliada do governo percebem que serão derrotados retiram o regime para discutir. Mas quando deveriam ter discutido e escutado não só a oposição, mas a sociedade, não o fizeram. Então, essa conversa fiada para mim, pelo menos, não cola.

Este era um projeto, assim como os outros, que deveria ter sido votado até para que o governo fosse derrotado. Perder não é feio. É sinal que houve disputa. O que se deve ter é humildade, coisa que o governo não possui, mas parece que, à força, está aprendendo a ter. (Não revisado pelo orador.)