O SR. LUCAS REDECKER (PSDB) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados:

Venho hoje à tribuna num momento difícil e delicado para os representantes do setor coureiro-calçadista.

Hoje pela manhã, recebemos a notícia de que uma empresa fechava as suas portas no ano em que completaria 40 anos de atuação especificamente no setor calçadista, que é a empresa Andreza, do Município de Santa Clara do Sul.

Nos seus tempos áureos, essa empresa chegou a ter mil funcionários e estava com 525 funcionários quando fechou as suas portas.

Neste momento está acontecendo, em Novo Hamburgo, na Região do Vale do Sinos, a Feira Internacional de Couros, Produtos Químicos, Componentes, Máquinas e Equipamentos para Calçados e Curtumes – Fimec –, que recebe diversas pessoas, empresários e representantes de todo o Brasil. No momento em que o mercado interno do setor calçadista está aquecido, enfrentamos uma grande questão que não começa hoje, que vem de muitos anos, que é a questão do setor exportador de calçados.

Esse é um problema que não atinge somente o setor exportador de calçados, mas o setor exportador moveleiro, o setor exportador do reflorestamento de madeiras e todo o setor exportador que temos aqui no Estado do Rio Grande do Sul.

Essa empresa por muitos anos se manteve exportando calçados e teve que fechar suas portas porque a taxa cambial chega a valores cada vez menores, retirando o lucro da empresa, que não consegue manter as suas portas abertas.

Esse é um dos exemplos entre os diversos que temos no setor coureiro-calçadista vinculado à exportação.

Minha preocupação não é apenas com o setor, mas com o Município de Santa Clara do Sul, que vai perder em torno de 17% de arrecadação oriunda da empresa Andreza – em 2002, eram 38%, agora são 17% –, sem contar que terá 525 postos a menos de trabalho. É evidente que existem lá outras empresas instaladas, mas é uma cidade pequena, e espero que elas possam absorver esses funcionários.

Trago alguns dados do setor: de 2006 a 2010, perdemos 8.224 empregos na indústria calçadista, ou seja, 8.224 postos de trabalho, referentes ao setor de exportação. Tivemos uma redução de 42% nas exportações calçadistas que passaram pelo Porto do Rio Grande de 2008 a 2010.

Em 2000, pagavam-se 10,65 dólares pelo par de sapato; em 2010, pagavam-se 23,74, mais do que o dobro. Em 2000, arrecadamos com as exportações, aqui no Estado do Rio Grande do Sul, 1 bilhão, 292 milhões de dólares. No ano passado, com o aumento do par do calçado, arrecadamos apenas 712 milhões de dólares. O valor do par aumentou, mas a arrecadação com a exportação de calçados diminuiu em mais da metade.

Fazendo uma comparação com os 10 anos passados, em 2000, foram 121 milhões de pares de calçado, no ano de 2010, 30 milhões de pares de calçado.

Portanto, a nossa indústria exportadora do setor calçadista depende de uma política imediata de recuperação da taxa cambial para que possamos ter competitividade no mercado externo e para que não aconteça o que vem acontecendo no setor exportador. Infelizmente, temos que enfrentar o fechamento de empresas e principalmente a redução dos postos de trabalho.

Deixo aqui um alerta aos colegas deputados: necessitamos de políticas imediatas tanto do governo estadual como do governo federal para um setor que representa muitas cidades e regiões do Estado do Rio Grande do Sul, que tradicionalmente é exportador e depende disso.

Não podemos perder essa parcela de participação do Estado do Rio Grande do Sul e do Brasil no mercado internacional.

Por isso, peço que haja ações imediatas dos governos estadual e federal em relação ao setor exportador. Muito obrigado. (Não revisado pelo orador.)