O SR. LUCAS REDECKER (PSDB) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados:

Nos alongamos bastante no dia de hoje debatendo diversas pautas, todas importantes para o Estado do Rio Grande do Sul.

Admiro e parabenizo os senhores pela paciência em aguardar. Todas as bancadas incluíram os projetos dos senhores na ordem do dia e por isso temos o compromisso de votar todos eles, mas este é um assunto muito importante para o Estado do Rio Grande do Sul.

Estou escutando atento a todos os deputados que se manifestaram aqui, quem é contra e quem é a favor da Copa do Mundo.

Particularmente, penso que a manifestação do deputado Edson Brum foi muito feliz. Eu também sou um entusiasta da Copa do Mundo. Fiquei muito feliz quando anunciaram que a Copa do Mundo seria no Brasil, mas anunciaram sob outras circunstâncias.

Fui atrás e vi que, em 2007, o então ministro Orlando Silva, aquele que teve problemas com as ONGs, disse muito claramente que não haveria um centavo de dinheiro público para os estádios. O Lula disse a mesma coisa.

De 2007 para cá, nós começamos a ver que um grande volume de dinheiro público estava entrando, muito acima dos valores previstos, em investimentos na Copa do Mundo e que poderiam ter sido utilizados em outras áreas tão deficitárias no nosso País.

O custo da Copa do Mundo na Alemanha foi de 6 bilhões de dólares; na África, quatro anos depois, foi de 8 bilhões de dólares, 25% a mais; e a Copa no Brasil já chegou a 13 bilhões de dólares, ou seja, 60% a mais do que a Copa da África, mais do que o dobro do custo da Copa da Alemanha.

E quando vem um projeto para esta Casa que trata das estruturas temporárias, daquelas estruturas que não ficarão de legado para a população gaúcha, com um custo de 25 milhões de reais, que na ação civil pública, no Ministério Público Federal diz que estruturas temporárias são assentos temporários, tendas, plataformas, rampas, passarelas, sinalização específica, cercas e iluminação, cabos, mobiliários, divisórias, preparação de pisos, instalações elétricas, instalações hidráulicas, instalações de ar-condicionado, para quais fins? Bilhetagem, controle de entrada e saída de torcedores, área de lazer e alimentação, suporte à mídia esportiva, transmissão de TV, rádio, áreas de hospitalidade, enfim, diversas estruturas, mas nenhuma ficará para o Estado do Rio Grande do Sul. A FIFA lucrará com a Copa no Brasil, segundo previsão, 10 bilhões de reais, com uma economia, se fizéssemos as estruturas temporárias com recursos públicos, de 1 bilhão e meio.

O procurador Athayde Costa, num programa de televisão ao qual eu estava assistindo, disse que na África do Sul quem pagou as estruturas temporárias foi a FIFA. A África do Sul se utilizou de dinheiro da FIFA para pagar as estruturas temporárias, e aqui incluíram no contrato que nós pagaríamos as estruturas temporárias.

Por isso a bancada do PSDB vem a esta tribuna e se posiciona favorável à Copa do Mundo, ao legado, como disse aqui o deputado Adão Villaverde, que a Copa do Mundo traz ao Brasil e levou à África do Sul, à Alemanha, ao Japão e à Coreia. Queremos que o legado fique, mas não que o dinheiro público seja enterrado quando a população gaúcha precisa de investimentos e não os tem. E, acima de tudo, quando acabar a Copa do Mundo, acabarem as estruturas temporárias, quem sabe nem na lembrança ficarão.

O nosso posicionamento é contrário. Particularmente, queremos deixar muito claro que a grenalização não é o que estamos querendo fazer. Somos contrários à grenalização. Somos contrários a dizer que quem não vota a favor deste projeto é contra a Copa do Mundo. Somos favoráveis à Copa do Mundo, mas prezamos o dinheiro público.

Muito obrigado. (Não revisado pelo orador.)