O SR. LUCAS REDECKER (PSDB) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados:

O que me traz à tribuna é um assunto que já foi comentado hoje pelo nobre deputado João Fischer, o qual me deixa estupefato e, tenho certeza, a todos que esperam uma política transparente, independentemente de partido político.

Ao acompanharmos as ações dos governos federal, estadual e municipal, buscamos prioritariamente transparência, para podermos saber o que efetivamente está ocorrendo.

Esse caso da operação dos aloprados que está estampado em jornais e revistas e vem sendo noticiado em rádios e televisões de todo o Brasil faz com que nós, políticos, independentemente de partido, pensemos acerca da razão pela qual estamos tão desgastados perante a população. Esse tipo de ação acaba se refletindo em cada político, mesmo naqueles que fazem o bem, que adotam uma conduta de retidão na política.

Estamos acompanhando escândalos em razão de fatos que ocorreram na antessala da presidência da República por muitos anos, no governo Lula. Uma das poucas indicações do então presidente Lula à sua sucessora Dilma, segundo as revistas, foi a de Rosemary, que viajou 28 vezes com o ex-presidente, embora apenas uma constasse no Diário Oficial.

Quando a Polícia Federal começa a investigar, o ex-presidente Lula diz que foi apunhalado pelas costas. O caso do Rosegate, a operação dos aloprados, que é a condição da Rosemary, ele diz que, de fato, não sabia de nada.

No entanto, sempre deu plenos poderes para que ela falasse em seu nome, e nunca fez o contrário, desmentindo ou dizendo que ela não tinha esses poderes. Disse que não sabia o que estava acontecendo.

Posteriormente a isso, ocorreu o mesmo com o mensalão. Com os aloprados aconteceu o mesmo, não se sabe de onde vêm e o que fazem.

Nessa operação dos aloprados, além das nomeações de cargos no governo federal, de amigos, parentes e pessoas que tinham interesses, havia subornos no governo para facilitar pareceres, para facilitar a liberação de áreas, como foi o caso da Ilha dos Bagres, no complexo portuário. Estava-se trabalhando para liberar uma área de Proteção Permanente para os amigos da Rosemary, para os amigos do Lula, do PT, da Dilma. Tudo isso, e eles dizem que não sabem de nada.

Não vim aqui fazer oposição por oposição, mas oposição propositiva.

Entendo que é o momento de se fazer uma investigação, de buscar culpados, ver o passado do governo, ver o que aconteceu e, de fato, abrir a caixa preta. Queremos saber o que está acontecendo.

Chega ao ponto de a Polícia Federal entrar na casa de Rosemary e ela dizer que vai ligar para o José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça. E se não der, vai ligar para o José Dirceu, porque é o quebra-galho de tudo, resolve todos os problemas dentro do governo, estando ou não no governo.

É isso que as revistas deixam muito claro. Os contatos que tinham continuam, mesmo com a queda do mensalão, mesmo com o julgamento, mesmo tendo sido levantados culpados. Sempre há um fio novo para se buscar na meada.

Tenho certeza de que dentro do próprio PT, como ocorreu no mensalão, muitos não concordam com isso, e tenho certeza de que a maioria dos colegas desta Casa também não concorda com isso. Assim como todos os partidos discordam, na operação dos aloprados, do fato de uma pessoa ficar no gabinete da presidência da República, em São Paulo, representando o presidente da República e ganhando dinheiro às custas de um processo que foi feito sem licitação num contrato que envolveu 1 milhão e 200 mil reais para uma prestação de serviços de uma subsidiária do Banco do Brasil.

São esses, entre tantos outros, os escândalos que temos acompanhado por aí. Os partidos que compõem a base governista deveriam assinar uma CPI no Senado Federal e falar: Nós queremos dizer basta, encerrou. Queremos moralizar a política. Queremos colocar aqueles que fazem malfeitos – como diz a presidente Dilma Rousseff – no lugar de quem faz malfeitos, ou seja, na cadeia.

Por outro lado, aqueles que praticam a boa política deveriam – e em todos partidos há pessoas boas e ruins – ter o seu lugar garantido em cargos públicos.

O que está acontecendo hoje, infelizmente, denigre a imagem da boa política e, acima de tudo, deixa descrente o povo brasileiro, que se dedica, trabalha, esforça-se, mobiliza-se nas campanhas eleitorais para votar e eleger os seus representantes e fica perplexo ao se deparar com escândalos sem solução que não têm mais fim e que ficam na mesmice.

Diante disso tudo, o Brasil deveria colocar a mão na consciência e parar de produzir esse tipo de coisa. Obrigado, Sr. Presidente. (Não revisado pelo orador.)